Entrevista: Albuquerque comenta Radiola, Warung, Borgman, Hot Since 82 e novos desafios a frente
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De bem com a vida e com o público Albuquerque inicia um novo projeto, continua a tocar o crescimento da Radiola e se prepara para sua quarta tour pela Europa.
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DJ há nove anos, produtor há sete anos, dono de selo, A&R, produtor de eventos, criador do Radiola Records, residente do Warung Beach Club e a caminho de mais uma tour internacional, incluindo um dos clubs mais icônicos da história! A vida está corrida para Ricardo Albuquerque que acaba de fazer sua segunda Radiola Label Night no Templo e se prepara para outra, desta vez em Curitiba com Hot Since 82 e Nick Curly, dois dos mais influentes Produtores do circuito internacional. Um pouco antes desta festa no Warung, Albuquerque bateu um papo com o Tudobeats e falou sobre sua carreira, o início, o Warung, Radiola e muito mais! Confira nesta entrevista exclusiva!
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Você é músico. Frequentou escola em Curitiba.
Sim eu tocava guitarra e cantava. Estudei no Espaço Musical de 2000 a 2005
E a discotecagem? Quando começou esse envolvimento?
Foi em 2007… Então são nove anos de DJ.
E a Radiola?
São sete anos de Radiola, sendo seis anos que fazemos festas.
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O TUDOBEATS selecionou alguns sets recentes de Albuquerque.
PLAY!
Lembro que uma vez estávamos conversando numa Tribaltech e você me disse “Só quero que as pessoas saibam que estamos fazendo um trabalho sério”. Comenta isso por gentileza.
Eu trabalhei na cena em alguns locais e via artistas muito comerciais, que custavam muito caro e não traziam o retorno esperado, nem financeiro nem de crescimento da cena. Eu buscava explicar sobre os artistas sempre, escrevia o release deles para as pessoas entederem melhor. Mas eu achava que dava pra trazer artistas mais interessantes, e foi quando eu tive oportunidade de fazer minha própria festa. As duas, três primeiras (festas) eu fiz sozinho, fiz na Lique. Aí comecei a fazer estas festas e tinha também começado a fazer um curso de produção musical com o Haustuff. A gente passava bastante tempo em estúdio, as idéias foram batendo, pensamos que daria para produzir alguma coisa junto.
Foram destas idéias que surgiu a casa – nosso co-working de música, sede da Radiola, sede dos estúdios – o selo, as festas. É como você disse, a gente queria fazer algo que as pessoas botassem fé. Uma festa onde quem vai tocar, não é por que é amigo ou sei lá. É por que é um DJ bom. E o soundsystem vai ser bom. E a iluminação vai ser boa. Tanto nas festas quanto tudo nestes projetos, a gente se preocupa muito com o feedback das pessoas. Sempre buscamos fazer para a galera, fazer algo sério que onde o nome da Radiola esteja envolvido, as pessoas saibam o que esperar, saibam que vem coisa boa.
Você disse que gosta da psicodelia do Led Zeppelin, do Jamiroquai… que “música boa é música boa”. Qual a música boa hoje?
Eu tenho ouvido bastante coisa que eu não toco. “Nu”, um peruano. Ando escutando bastante black coffee. Dificilmente toco alguma coisa dele, mas esse som assim tem feito a minha cabeça. E assim eu vou tentando passar para as minhas produções. Tentar fazer alguma coisa com o que eles fazem no meu ritmo, nas minhas batidas. A maioria dos meus sets são feitos para a pista pois minhas gigs geralmente são no peak-time. Estou tentando misturar isso.
O que eu noto é que de tempo em tempo, o som fica mais melódico ou minimalistas. E agora a sensação que eu tenho é que eu estou mais melódico, mesmo, estou buscando coisas exóticas, transcedentais. Resgatar umas coisas… tem gente que fala naquele Progressive House, aquele antigo, coisas de 2004, 2005 Desyn Masiello, Omid 16B, Demi (S.O.S.) tenho ouvido bastante estes caras de novo.
De onde eles são?
Eles são ingleses. Desyn Masiello, Omid 16B, Demi (S.O.S.)
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Residência num local club considerado como um dos melhroes clubs do mundo. Comenta essa relação com o Warung Beach Club.
Eu sempre frequentei o Warung, sempre vi os artistas que eu mais curto tocarem lá. Depois que comecei a tocar lá, toquei 13 ou 14 vezes em dois anos e meio antes de ser convidado para ser residente. Depois tudo muda, claro. Quanto você é chamado para tocar nos outros clubs, as pessoas passam a esperar uma outra coisa de você. Ter com você essa marca muda tudo.
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Mudou para a Radiola também?
Sim claro, meu nome é muito associado a Radiola e acaba tudo se juntando. Isso é bem legal, ter o Warung como um background mudou minha carreira. Se o cara é residente do Warung e tem um selo, você imagina que ele vai fazer um trabalho legal.
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Falando em Selo. Além do selo Radiola, você é um dos responsáveis pelo Warung Recordings. Explica a dinâmica disso tudo.
O Warung Recordings é assim… eu tenho várias funções dentro dele, mas a principal é a administrativa. Eu posso fazer A&R, posso fazer material enfim, mas quem manda é o club. Então tem artistas envolvidos que foram convidados por ambas as partes. Todos eles o Warung Recordings lança. A gente organiza, tenta fazer o máximo, contrata PR internacional, faz distribuição promo, enfim… Eu gosto de fazer tudo isso, mas não sou o dono do selo. Não escolho tudo o que lança. Sou eu, Leo Janeiro e a direção do club que, juntos, compomos o selo. Diferente do Radiola onde eu escolho tudo. Se vai lançar ou se não vai lançar. Se eu não gostar, não lanço mesmo. Na época da criação dos selos, como eu estava abrindo o selo da Radiola, sugeri ao Warung que abrisse também. Fui lá, entrei em contato com uma distribuidora. Registrei a marca do Warung Recordings, fizemos a logo juntamente com o club e começamos a lançar música.
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Você já conquistou várias coisas nestes 10 anos na estrada. Residente do Warung, tocou no THe Bpm Festival, Watergate em Berlin, Amnesia Ibiza, tem seu selo Radiola.. enfim. O que você pretende concretizar ainda na sua carreira.
Eu me espelho nos melhores DJs do mundo. Meu objetivo é estar entre eles. Eu acredito que eu tenho som pra tocar. Quando eu viajo eu vou muito atrás do line up. Eu gosto muito de ver o contexto da festa inteira, e como cada DJ se encaixa nisso Pelo que eu observo, pelo que eu ouço eu tenho condição sim de tocar lineups de ponta e é esse meu objetivo. São tantos os lugares que eu quero tocar, um deles é o Fabric London dia 18 de Junho.
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Essa notícia é quente (clap clap!!)
Sim, foi confirmado esta semana, muito legal.
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É com certeza um sonho para qualquer DJ..
Cara então, e eu pretendo estar no circuito. Nos ultimos 4 anos estou presente no Sonar, no ADE, no BPM. Quero estar presente em ainda mais festivais do som que eu curto. Outra coisa que é sucesso para mim é fazer a Radiola cada vez maior. Essa festa já é um puta reconhecimento. Sexta dia 19 agora vamos fazer a Radiola Label Night com Hot Since 82, Nick Curly. É uma festa feita pra galera. Quem não queria ver o cara aqui em Curitiba?Quem gosta de house sabe que o cara tá voando. É dono de um dos selos mais respeitados, o Knee Deep in Sound. O Nick Curtly tem o selo 8bit também. Qual DJ de house e tech house não toca uma música deles? E tá vindo os cabeças dos selos pra tocar na Radiola!
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A articulação dos artistas é tua?
Quando aparece algum artistas que tem a ver com o meu som, com a Radiola acaba acontecendo dos managers oferecerem e se rolar data, a gente faz.
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A sede da Radiola já passou por alguns lugares. Recentemente foram para um espaço maior. Agora tem mais artistas envolvidos? Mais coisas? Conta pra gente.
Tem muito mais artistas envolvidos. Estamos acompanhando a carreira de alguns artistas mais novos, agora temos a rádio online – chamada BoomBox. Agora são oito DJs Produtores com estúdio na casa. Nós queremos ampliar isso, é bom inclusive a gente falar isso aqui no tudobeats. Profissionais de diversas áreas, pessoal do Design, comunicação, que queira participar dos nossos projetos.. o espaço está aberto as pessoas criativas, de iniciativa e que saibam trabalhar em equipe, afinal ali funciona um co working.
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Radiola Label Night @ Warung | Maio, 2017
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Pela segunda fez uma Radiola Label Night ocupou o garden do Warung Beach Club . Você encerrou a pista. Tem algo de muito especial naquele momento, conta aí.
Apesar de ser residente é apenas a segunda vez que fechei o lineup do garden. Rola uma atmosfera, não tem lugar no mundo tão especial
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“Essa festa já é um puta acontecimento. Sábado agora a Radiola Label Night vai ter Hot Since 82, Nick Curly… É uma festa feita pra galera. Quem não queria ver estes caras aqui em Curitiba?”, afirma.
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Esse sábado tem outra label party, desta vez em Curitiba, numa parceria com o Club Vibe. Como surgiu essa parceria?
Em 2013 começou a residência da Radiola no Club, cerca de 3 a 4 vezes por ano a gente fazia festa lá. A gente foi se entrosando aos poucos, talvez no inicio a Radiola parecesse uma ameaça aos clubs de Curitiba mas nunca foi essa a idéia, a idéia é como rola em Berlim, onde tem a interação entre os selos e os clubs, enfim, que cooperam e com a vibe foi sempre muito tranquilo. Funcionou tão bem que já pensamos a dois anos sobre fazer juntos a um evento maior. No inicio deste ano a gente bateu o martelo e foi atrás. A gente ficou muito feliz, foi por acaso que apareceram estes artistas e ficou um line up fenômenal.
Você conhece os dois pessoalmente?
Não, ainda não mas o Hot Since é um dos meus artistas prediletos, tem um faro de pista sinistro.
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Vai ser sensacional com certeza. E depois você segue em tour pela Europa. Vai pra onde?
É a minha quarta tour pela Europa, desta vez fico 26 dias, toco três vezes na Alemanha, três na Espanha e uma na Inglaterra. Vou tocar em lugares diferentes, muito bacanas. Vou tocar na Sankeys Ibiza, pela primeira vez no Fabric, que como falamos, é um clássico, um ícone. Eles estavam procurando uns artistas diferentes, rolou a conexão e vai rolar na festa Wet Yourself.
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Depois de lutar tanto para fazer o nome Albuquerque conhecido você vai adaptar um novo nome: Borgman. Conta isso aí.
Eu não vou deixar de tocar como Albuquerque mas aconteceu que na Alemanha por exemplo não dá uma boa leitura, o pessoal não consegue ler direito. Eu aproveitei esta ‘oportunidade’ que eu não tinha pensado no início, mas que é a de explorar uma outra linha sonora com o projeto Borgman. Toquei pela primeira vez assim no Warung, isso pode ser legal para sair da comfort zone um pouco também. Fazer algo difernte de house talvez, ainda estou estudando.
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E por que “Borgman”?
A história é engraçada. Em Itajaí tem a casa do Conti, dono do Warung, os DJs ficam hospedados lá e tal. Lá quem manda é a “Tia Mana”, que é a governanta da casa e tal. Ela é muito legal e ela fala as coisas do jeito dela, e ela não conseguia falar Albuquerque, sempre falava Boguergue. Outro dia o Leozinho apareceu por lá, perguntou de mim e falaram que o Boguergue tava lá ele deu muita risada. Sei que depois o Leozinho achou um filme chamado Borgman, juntou uma coisa na outra e ficou Borgman. Depois o pessoal gostou do nome, a gente não parava de falar dele então ficou.
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Conta sobre os b2bs. Como flui essa interação entre os DJs?
Com cada DJ é diferente, eu já fiz com Fran Bortolossi, Marco Rezmann, quem eu mais faço é o Boghosian. A primeira vez foi no Warung Day Festival, há quatro anos atrás. Deu tão certo que os contratantes pedem pra gente tocar junto. Este anos tocamos algumas vezes, inclusive. A gente conversa muito, troca tracks, combina o set, enfim.
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“Ele cresceu muito rápido por que é muito talentoso.(…) movimenta uma turma com ele, isso é muito legal”
Boghosian, sobre Albuquerque
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No final o que era um b2b numa festa, virou uma parceria musical mais ampla…
Ele puxa mais pro Techno, eu pro house.. A gente conhece o som um do outro e se entende.
Você comentou comigo da parceria com o Boghosian e com a Aninha. Fala mais dessa com a Aninha agora.
A gente sempre conversava mas eu achava o som muito diferente um do outro, até que surgiu uma gig q a gente ia tocar junto. No inicio ia ser duas horas, depois viraram quatro e surgiu natural. Nosso manager orientou a gente a tocar três tracks cada que facilitaria… Fluiu muito bem, a gente foi conversando, fazendo mais gigs juntos até que recentemente iniciamos conversas para ampliar essa parceria para a produção, inclusive estão rolando diversas studio sessions (…) vão pintar novidades para os selos e nas festas também….
Quais os próximos passos?
Tem um bem bacana, que foi um convite do João Anzolin para participar do Festival Subtropikal. Será um painel na idéia de conectar produtores e artistas de diversas áreas, que são muito bons, mas que não dialogam, não se conhecem. Vamos tentar unir o pessoal. Por outro lado, manter o crescimento da Radiola, sempre inovando e tirando uma pira!
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